Candói

Da vergonha à sucessão familiar: A produtora que se apaixonou pela pecuária leiteira

Fotos: Arquivo pessoal

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Filha de produtores rurais, a estudante de medicina veterinária Ana Caroline Bayer (19 anos) está se preparando para no futuro assumir a principal atividade da propriedade da família, a pecuária leiteira.  O trabalho com o leite na família Bayer, moradores de Candói, já tem mais de 40 anos, iniciando com o avô de Caroline, passando pelo pai, João Marcos Bayer, e pelo tio, e agora com ela.

Ana, durante sua infância, sentia vergonha das raízes rurais. O preconceito que enfrentava na escola por ser filha de produtores rurais gerou um bloqueio emocional em relação à atividade. Ela ajudava na propriedade, mas fazia isso pela mesada que recebia no final do mês.

Tudo mudou em 2019, quando a produtora foi convidada a participar de uma feira de bezerras. O processo de cuidar diariamente de um animal e prepará-lo para a feira despertou nela uma paixão inesperada. “Foi quando eu tive uma virada de chave na minha vida e eu percebi que eu gostava mesmo daquilo, que era aquilo que eu queria para minha vida. A partir desse momento eu me apaixonei pela atividade”, contou.

No terceiro ano de medicina veterinária, a jovem iniciou o curso pensando em ajudar no desenvolvimento da pecuária leiteira. “Eu sei que tem muito profissional bom, mas ainda falta uma assistência personalizada para o produtor de leite. Então, o meu foco hoje, é continuar trabalhando na propriedade e trabalhar para os produtores de uma forma que eu vejo que seria interessante, mas que ainda não é aplicada hoje”, relatou.

Aplicando diariamente os conhecimentos adquiridos na faculdade, ela é responsável pela reprodução dos animais, especialmente pelo cuidado com os bezerros. O trabalho com o leite também é executado pelo pai e pela mãe Denise Bayer. A propriedade, que opera com um sistema semiconfinado, abriga 50 animais da raça holandesa, dos quais 30 estão em lactação, com uma produção média entre 23 e 25 litros por vaca, totalizando cerca de 700 litros de leite por dia.

A crise do leite, que afetou muitos produtores, exigiu uma gestão rigorosa da propriedade. A família Bayer implementou um planejamento detalhado, cortando gastos desnecessários e focando na produtividade. “Todo mês, sentamos com a consultoria e analisamos nossos custos e receitas. As propriedades que focam na gestão estão conseguindo se manter”, explica Ana.

O futuro da sucessão familiar também está definido. Enquanto o irmão João Gustavo Bayer, prefere a criação de gado de corte, Ana planeja continuar na pecuária leiteira, com o objetivo de melhorar a produtividade, a genética e a qualidade do leite. “Quero que nossa propriedade seja um modelo”, afirma.

Ana Caroline Bayer faz parte de uma nova geração de produtores rurais, que alia tradição e inovação, buscando não apenas a manutenção do legado familiar, mas a evolução da atividade.

*Redação/Daiara Souza