Prudentópolis
Prudentópolis busca reconhecimento de Indicação Geográfica para o Mel e a Cracóvia
Os produtos possuem características específicas do Município e são reconhecidos a nível nacional pela qualidade; o AgroRegional conversou com quem participa do processo
Prudentópolis pode ter em breve o reconhecimento de Indicação Geográfica de dois produtos, o mel e a cracóvia. Atualmente, o Brasil tem 100 indicações concedidas.
Em entrevista ao AgroRegional, a médica veterinária, ex-secretária municipal de Agricultura e atualmente assessora do Departamento da Vigilância Sanitária de Prudentópolis, Dayanne Louise do Prado, explicou o que é a IG e como está o processo de reconhecimento dos produtos do Município.
“O registro de Indicação Geográfica acontece quando o produto se torna conhecido por uma característica diferenciada, por ser produzido em determinada região ou território específico”, destaca. Além disso, segundo ela, as características que estão vinculadas ao local, faz com que o consumidor tenha a consciência de que a região se especializou e tem capacidade de produzir algo diferenciado. “Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora”, aponta Dayanne, que acompanha o processo desde o início. No caso da cracóvia, Dayanne salienta que a secretária municipal de Turismo, Cristiane Boiko Rossetim, também esteve presente desde o início e colaborou para a execução dos trabalhos.
Conforme a professora Ana Léa Macohon Klosowski, também atuante no trabalho de reconhecimento das IGs, em Prudentópolis, o processo é fruto do trabalho conjunto entre a Prefeitura, através das secretarias de Agricultura e de Turismo, Associação Prudentopolitana de Apicultores e Meliponicultores (APAM), Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e agroindústrias locais de embutidos, hoje representadas pela Associação de Embutidos de Prudentópolis (APEP) e também a PUC-PR.
Dayanne conta que em 2020, foi realizado pelo Sebrae-PR, o primeiro diagnóstico de potencialidades para reconhecimento das IGs. “Nesse momento, os esforços das instituições envolvidas e principalmente dos apicultores e meliponicultores, e produtores de embutidos, assim como da sociedade em geral, foram fundamentais para a montagem do dossiê. Após essa etapa, e com a aprovação pelo Sebrae/Fórum Origens Paraná, através do indispensável apoio do prefeito Osnei Stadler e do vice-prefeito Evaldo Hofmann, iniciou-se as tratativas junto às Associações para organização dos cursos que iriam capacitar os associados”, detalha.
Fase atual
Hoje, as IGs estão na etapa de estruturação e operacionalização que contempla a sensibilização, formação do Comitê Gestor (CG), elaboração do caderno de especificações técnicas, criação do símbolo distintivo, delimitação geográfica e finalmente o protocolo e acompanhamento.
De acordo com a assessora Dayanne, dados da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) apontam uma estimativa da produção de 480.000 kg de mel no município no ano de 2021. Já sobre a cracóvia, a APEP estima 2.000 Kg/mês.
Esses produtos já são comercializados em todo território nacional. “Para que o mel possa ser comercializado legalmente precisa passar por entrepostos, ou unidades de beneficiamento, que beneficiam e comercializam o produto. “No nosso município existem duas empresas que possuem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), podendo assim ser comercializado em todo Brasil e até mesmo exportado para outros países quando atendidas as exigências da legislação vigente”, explica Dayanne. Em relação às indústrias de embutidos presentes no Município, aproximadamente 14 possuem registro municipal (SIM) – sendo permitida a comercialização em todo município. Quatro possuem o registro estadual (SIP/POA), em todo o estado e uma com registro SISBI podendo comercializar em todo país.
“A avaliação do potencial de reconhecimento do mel e da cracóvia de Prudentópolis demonstrou fortes evidências históricas, técnico-científicas e a notoriedade desse produto na região”, afirma a assessora.
História
A professora Ana Léa Macohon Klosowski explica que desde a década de 1980, a cidade é conhecida como Capital do Mel e diversas pesquisas já foram realizadas no município, evidenciando a qualidade, composição e o diferencial dos méis, principalmente das espécies sem ferrão como o mel de mandaçaia. “Observa-se que, o conhecimento, a técnica e o saber-fazer foram sendo transferido de geração em geração e a apicultura foi incorporada às famílias de agricultores, quer seja como atividade principal ou secundária. Atualmente, a produção de mel continua de extrema importância para a região e o município é um dos maiores produtores do estado”, disse ao AgroRegional.
Com relação à cracóvia, desde meados de 1950 existem registros de produção na região, mas foi na década de 1960 que surgiu o Açougue Alvorada e aperfeiçoou o produto e denominaram de Kracóvia (nome de uma cidade polonesa) fazendo referência ao grande número de descendentes poloneses e principalmente ucranianos existentes no Município (aproximadamente 70%).
“Mas foi entre os anos 1985 a 1995 que a kracóvia se consagrou e tornou-se um produto símbolo da cidade de Prudentópolis, a pioneira na fabricação. Sendo aprimorada ao longo do tempo atingindo ao que ela é hoje, um produto artesanal feito de carne suína defumada”, conclui Dayanne.
*Reportagem: Daiara Souza
Foto: Assessoria