Pinhão
Propriedade de Pinhão entra na Rota do Queijo Paranaense
Com apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-PARANÁ), os produtores Angelita e Rogério Surkamp estão ampliando as atividades na propriedade
O Vale do Alecrim, em Pinhão, tem uma das propriedades referência no Paraná. Os produtores Angelita e Rogério Surkamp são modelos no desenvolvimento da atividade leiteira e no empreendedorismo rural com a produção de queijos, e agora, com turismo rural.
Premiados com medalhas de ouro em concursos nacional e estadual, os queijos da produtora Angelita colocaram a propriedade na Rota do Queijo Paranaense, sendo a única da região de Guarapuava. A entrega da placa de identificação ocorreu nesta quarta-feira (30) pelo gerente regional do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-PARANÁ) em Guarapuava, Bruno Luis Krevoruczka, o coordenador Tiago Stadler, o engenheiro de alimentos Marcelo Barba Bellettini e os técnicos extensionistas de Pinhão, Ivan Oliveira e Luzyanna Tavares.
Há cerca de oito anos a realidade era muito diferente. A mudança começou a acontecer com a chegada da assistência do IDR-PR, na época Emater. “A gente sempre trabalhou com leite, mas não era assistido por nenhuma entidade. Eu me considero produtora de leite desde 2015, quando a Emater [hoje IDR-PR] começou a nos assistir. Eu estava para desistir da atividade. Meu esposo trabalhava fora porque não tinha retorno”, contou Angelita.
Quem acompanha a família desde então é o técnico extensionista do IDR-PR Ivan Junior de Oliveira, que convenceu a família de que a atividade leiteira poderia ser lucrativa. “Começamos num primeiro momento a questão de um diagnóstico para conhecer a propriedade. Um dos gargalos era a questão da pastagem. Foi iniciado um trabalho de recuperação de solo, de plantação de pastagem, depois a questão de estruturar a propriedade com instalações um pouco mais adequadas para o manejo alimentar dos animais e dali para cá foi crescendo”, explica Ivan.
A propriedade saiu de 85 litros de leite por dia em 2015 para 750 em 2023, com cerca de 200 litros sendo transformados em queijo na agroindústria montada ao lado da casa. O restante é vendido para laticínios. Angelita comenta que neste processo da agroindústria também contou com apoio do IDR-PR. Hoje ela é assistida e orientada pelo engenheiro de alimentos da entidade, Marcelo Barba Bellettini, responsável pelo projeto de ampliação da agroindústria, também entregue à produtora nesta quarta-feira.
“A gente começou a produzir queijo para a família e ela começou a gostar. Em 2017 eu montei a primeira queijaria. Eu comecei a produzir queijo na minha cozinha e ampliei aqui do lado da minha casa. Hoje ela já não comporta mais a produção”, destaca Angelita, reiterando que nesta etapa de ampliação segue com orientação do IDR-PR. “O Ivan continua nos assistindo, a Luzyanna também e o engenheiro de alimentos Marcelo”.
A produtora também está comemorando o Susaf (Selo de Inspeção Estadual) em Pinhão, que vai permitir a venda dos queijos a nível estadual, já que a produtora já possui o selo do Serviço de Inspeção Municipal (SIM). “Com a chegada do Susaf a gente pretende produzir muito mais queijo porque no queijo a gente agrega muito mais valor ao produto”, comenta.
RECONHECIMENTO
Em 2019 o queijo colonial de maturação de 30 dias produzido por Angelita ficou entre os 50 melhores com medalha de ouro no concurso nacional Comer Queijos. Neste ano, ela foi novamente destaque na primeira edição do Queijos do Paraná, novamente com medalha de ouro, mas desta vez com o queijo defumado temperado. Além desses, ela produz o colonial fresco ou defumado, com vinho e o colonial com iogurte, e também doce de leite cremoso. A propriedade também tem garantia de leite de qualidade, certificada há 3 anos como livre de tuberculose e brucelose.
“Quando eu comecei a trabalhar com queijo eu não pensava que iria ter tudo isso. Eu pensava que o consumidor ia achar nosso produtor nos supermercados e nas feirinhas. Eu não pensava que ele iria querer olhar a produção e maturação, por isso que estamos com essa nova planta, pensando nessa vitrine em que o consumidor possa olhar, desde a produção, até a maturação. E através do IDR surgiu esse trabalho do turismo rural. Fiz o lançamento do queijo em Curitiba, teve uma aceitação muito boa e estamos aguardando os turistas agora”.
Com o crescimento da produção de leite e da demanda pelos queijos, Angelita passou a contar com a ajuda do marido, que voltou a trabalhar na propriedade, da filha e do genro. Ela também espera contar com o apoio de outra filha que está se formando em agronomia e que no desejo da produtora, será a responsável técnica.
A produtora também faz parte da Associação dos Produtores de Queijo e Derivados de Leite da Região Centro do Paraná (APROLEQ), criada no ano passado, mas já com várias conquistas entre os associados.
TRABALHO
Para o gerente regional do IDR Paraná em Guarapuava, Bruno Luis Krevoruczka, a importância da entidade está em desenvolver o produtor tecnicamente para que ele consiga melhorar as condições de trabalho, a produtividade e também as condições de vida da família.
“Na propriedade da Angelita nós temos vários técnicos, é uma equipe multidisciplinar que atende eles, que vai trabalhar desde a pecuária de leite, até a transformação desse leite em queijos, que é o trabalho que a Angelita faz aqui na propriedade”, lembrou.
Na regional de Guarapuava o IDR-PR conta com 22 técnicos envolvidos em uma série de projetos e atendendo produtores em diversas áreas. “Hoje o projeto de maior relevância para a região de Guarapuava é o projeto da pecuária de leite, em que nós estamos tendo ganhos expressivos em termos de produção e produtividade. Uma questão interessante é sobre o ganho que a sociedade paranaense tem quando se investe no IDR-PR. Nós fizemos um balanço social recentemente em que cada um real investido no IDR-PR, retorna para a sociedade R$6,07, isso analisando 49 projetos, sendo que nós temos mais de 100 projetos hoje que são desenvolvidos no Estado”, afirmou Bruno.
*Reportagem: Daiara Souza