Laranjeiras do Sul
“Eu amo o cooperativismo”, diz produtor de leite de Laranjeiras do Sul
Presidindo uma cooperativa há mais de 20 anos, o pecuarista Lauro Schuster vê a cooperação entre produtores como ponto chave para o desenvolvimento da atividade leiteira na Região
O produtor rural Lauro Schuster (61 anos), de Laranjeiras do Sul, trabalha com produção de leite há mais de duas décadas, período em que também faz parte da Cooperativa dos Produtores de Leite de Laranjeiras do Sul (Colels), da qual é presidente há 21 anos.
Gaúcho de Lajeado (RS), Lauro cresceu em Marechal Cândido Rondon, mas há 37 anos mora em Laranjeiras. No início, o produtor cultivava tabaco, mas a partir de 1998 a atividade foi substituída pela pecuária leiteira graças a criação da cooperativa. A propriedade da família Schuster conta 25.8 hectares, dos quais 12 são de mata nativa. No restante, Lauro e o filho trabalham.
“Fui crescendo aos poucos na atividade do leite. Hoje eu possuo o plantel de 22 vacas holandesas, com as quais 18 estão em lactação”, comentou ao AgroRegional. Na propriedade as vacas ficam confinadas em sistema de compost de barns e atualmente rende uma média de 2 litros por animal.
“É uma genética selecionada há 24 anos, desde que temos a cooperativa. Eu comecei a selecionar geneticamente, trabalho com inseminação própria, eu mesmo sou o inseminador na minha propriedade e comercializo essa produção minha com a empresa São Leopoldo de Iporã, no Noroeste do Estado.
A venda para empresas de fora de Laranjeiras do Sul foi uma das conquistas dos produtores com a criação da Colels, que surgiu em 1998 com o apoio da Emater [atual IDR-PR), da Prefeitura de Laranjeiras do Sul e de um grupo de 28 produtores.
“Ela deu um alavancar para os produtores, porque a cooperativa passou a negociar com empresas de fora. Laranjeiras na época possuía só um laticínio, uma queijaria, e o preço pago era muito baixo. Então entramos em contato com a Confepar de Londrina, na época, e a gente trouxe a Confepar, onde começou dar segurança para os produtores. Essa foi a grande importância da criação da cooperativa”, afirma o produtor.
O produtor está na presidência da Colels desde 2002, função que exerce de forma prazerosa graças ao entendimento da relevância do trabalho em conjunto com os demais produtores cooperados da Colels. “Eu tenho quase dois anos ainda para cumprir, só não sei se eu vou me aposentar da cooperativa ou não, mas eu amo o cooperativismo. Desde menino, de 15, 16 anos, sempre participando de grupo de jovens cooperativistas, depois de mais adulto, associado da antiga Camilas [Cooperativa Agropecuária Mista de Laranjeiras do Sul], associado da Coprossel, associado da Coasul, eu amo o cooperativismo e o associativismo. O que desenvolveu o leite na região de Laranjeiras do Sul foi o cooperativismo, então devemos muito a ele”, salientou Lauro Schuster.
INCENTIVO
O pecuarista mostra que além do engajamento em busca de melhores condições para os produtores, também coloca em prática o que aprende fora da propriedade. Segundo ele, ao participar de cursos do Senar e do Sebrae, percebeu que precisava manter o filho na propriedade, mas ao mesmo tempo, dar autonomia a ele. Na visão de Lauro, muitos pais acabam “atropelando” os filhos ao insistir em administrar a propriedade sozinhos.
“A leitaria é separada. Eu tenho a minha leitaria com as vacas no confinamento, meu filho também trabalha com 20 vacas. Ele administra a leitaria dele e eu a minha, para não criarmos conflito de geração. Eu vejo que no interior, hoje, muitos filhos não ficam no campo, vão para a cidade devido ao conflito com os pais dentro da propriedade. Eu fiz diferente. Eu mudei. Na minha propriedade está dando muito certo”, frisou.
Os dois trabalham juntos na lavoura de milho para silagem para o trato dos animais, mas no momento da retirada do leite, “cada um cuida do seu”, como disse o produtor à reportagem.
*Redação/Daiara Souza/Adriana Souza