Pelo terceiro mês consecutivo, o preço do leite captado em março fechou em alta de 1,3%, chegando a R$ 2,8241/litro na “Média Brasil”, evidenciando uma desaceleração no ritmo de avanço. Em um ano (março/25 em relação a março/24), o aumento é de 15%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março).
A valorização se deve à maior competição pela compra de matéria-prima. Para abril, pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam possibilidade de queda nos valores pagos ao produtor, considerando-se a “Média Brasil”, tendo em vista que a demanda na ponta final da cadeia está enfraquecida.
Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, o ritmo das vendas dos derivados lácteos desacelerou mais do que o esperado. Pesquisas do Cepea realizadas com o apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostram que os valores dos lácteos de negociações entre indústrias e canais de distribuição caíram em abril – a desvalorização foi observada mesmo com os estoques controlados.
Além de sinalizarem que o consumo segue enfraquecido, agentes de mercado também apontam que as importações, embora em menores volumes em abril, continuam sendo um fator de pressão sobre o mercado lácteo. Dados da Secex mostram que as compras externas recuaram 11% em abril, somando 162 milhões de litros em equivalente leite, 16,8% abaixo da quantidade de abril/24.
Paralelo a isso, a oferta, no campo, não deu sinais de retração significativa. De fevereiro/25 para março/25, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) teve leve queda de 0,2%; e, mesmo em período de entressafra, o volume de leite cru deve permanecer estável em abril.
Levantamento do Cepea mostra também que, no campo, os custos de produção seguiram em alta em abril pelo quarto mês consecutivo. O aumento no Custo Operacional Efetivo (COE) em abril está atrelado à valorização nos insumos de nutrição. Em março, o produtor precisou de 31,55 litros de leite para adquirir uma saca de 60 quilos de milho, 25% acima da média dos últimos 13 meses.
*Cepea