Guarapuava

Por que a Região de Guarapuava está reduzindo a área da cevada?

Na última safra a regional amargou uma queda de 36% na produção em relação ao ciclo anterior; Núcleo de Ponta Grossa vai liderar nesta temporada

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Nos últimos anos, a produção de cereais como cevada e trigo tem enfrentado desafios significativos no Paraná, especialmente em razão do clima. Para a safra 2023/2024 a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) já prevê uma queda na área destinada a essas duas culturas.

A cevada, por exemplo, pode ter uma redução de 16% a nível estadual, principalmente pela retração na área da principal região produtora, o Núcleo Regional de Guarapuava, que nesta safra, terá uma queda de cerca de 40%, conforme os números iniciais divulgados pela Seab no final de março.

Para entender melhor os motivos por trás dessa queda e suas consequências, o AgroRegional  conversou com o agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), Carlos Hugo Godinho. De acordo com ele, diversos fatores contribuíram para a redução na área de cultivo de cevada e trigo.

“O primeiro fator é a questão de preço, muito provavelmente não está tão atrativo como estava no ano passado. A maior parte dessas áreas de cevada são feitas por contrato, então o produtor já sabe muitas vezes antecipadamente o quanto vai ganhar. Porém, ele tem que produzir uma cevada de boa qualidade para ser vendida nesse preço. E no ano passado foi uma safra muito ruim em termos de qualidade, gerando mais cevada forrageira do que cevada com qualidade industrial, para malteação, e com isso ele acabou tendo um retorno muito ruim ou, muitas vezes, ficou um prejuízo”, destacou.

Foto: AEN-PR

NÚMEROS

Na última safra os produtores da região plantaram a cevada em 43.200 hectares e nesta safra devem semear em 26.000 ha. Se este número se confirmar ao final do plantio, a região terá uma redução de 40%. No entanto, a produção não deve ser alterada significativamente em relação ao ano passado, já que a expectativa é de uma produtividade maior neste ano, de 5.150 kg/ha. São esperadas 133.900 toneladas.

“Esses produtores não estão migrando para o trigo, que também terá uma diminuição na área, também em função do preço e das mesmas condições da cevada. São culturas que na região são concomitantes no desenvolvimento, e com isso a gente acabou tendo uma redução na área dessas duas culturas de inverno, que na região são as principais, e um crescimento da área de cobertura de aveia”, comentou o agrônomo do Deral.

Pelo menos nesta safra, a liderança na área de produção de cevada ficará com a regional de Ponta Grossa, onde está localizada a Maltaria Campos Gerais. A previsão inicial é de aumento de 10%, com 35.000 hectares e 147.000 toneladas.

“É bom lembrar que é um dos nossos primeiros dados e a cultura só vai começar a ser plantada lá por maio. Então, tem a possibilidade de ter uma certa reversão nessa intenção de plantio, ainda que isso não seja facilitado, porque como a gente teve esse problema climático, de chuva, isso prejudicou não só a cevada que seria direcionada para a indústria de malte, mas também prejudicou as semenstes. Então vai estar mais limitada a oferta de sementes esse ano, e talvez, seja uma dificuldade para o produtor que mudar de ideia no futuro próximo, conseguir essa semente para fazer o seu plantio”, reforçou Carlos Hugo.

Em relação ao trigo, a queda no estado é de 17%, e na região de Guarapuava de 52%, saindo de 68.250 hectares na safra 22/23 para 32.800 nesta safra. A produção regional deve ser de 137.760 toneladas, uma retração de 18%.

Foto: AEN-PR

IMPACTO NA INDÚSTRIA

Conforme Carlos Godinho, para a indústria o impacto vai ser mais limitado, porque ela fomenta essa produção ou restringe a oferta. “Ao mesmo tempo que tem crescido muito a área do Estado e do Brasil, a gente tem também junto com isso aumentado as importações da cevada. Não dependemos só da cevada disponível dentro do Brasil. Nós importamos a maior parte”, lembrou, ressaltando que o mesmo ocorre em relação ao trigo.

Redação/Daiara Souza

Fotos: AEN-PR

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