

Guarapuava
Irmãos transformam propriedade em referência de organização e sucessão no campo
No interior de Guarapuava, na localidade de Paiquerê, em uma propriedade rural carrega a marca de muito esforço, superação e união familiar. É ali que os irmãos Enéias, Edmar e Eduardo Câmara de Oliveira, junto com os filhos, tocam uma propriedade modelo em organização e persistência, e mostram que, quando a família caminha unida, o progresso é questão de tempo.
A história de luta começa muito antes da chegada até a comunidade do Paiquerê. Enéias, hoje com 51 anos, é o mais velho dos seis filhos de Albino Câmara de Oliveira, hoje com 74 anos. Natural de Cascavel, foi lá que a família iniciou sua trajetória rural, em apenas três hectares. Mas a terra era pouca para tantos braços dispostos a trabalhar. Em 1990, a família vendeu a propriedade e se mudou para Boa Ventura de São Roque, onde adquiriu 16 hectares.
“Como nós éramos bastante e a área era pequena, a gente fazia lavoura e trabalhava na Coamo. Mas daí veio a ideia de que nós tínhamos que aumentar para poder a família trabalhar junto”, lembra Enéias.
Essa decisão foi o primeiro passo de uma longa caminhada. Em 2002, a família se instalou no Paiquerê, onde hoje possuem 43 hectares. Aos poucos, com esforço conjunto e planejamento, a propriedade se transformou em uma referência de organização e diversificação.
Tudo em família
Hoje, três dos seis irmãos permanecem trabalhando juntos na propriedade — Enéias, Edmar e Eduardo. Além deles, os filhos de Enéias e seu genro também fazem parte da rotina. No total, são 17 pessoas na propriedade, contando filhos e netos.
A principal atividade da propriedade é a produção leiteira, com uma média de 800 litros por dia. Toda a mão de obra vem da própria família. “É só a família mesmo. Tudo aqui é a gente que faz. Um dia um tira leite, outro dia outro, e assim vamos revezando. Quem tá na leiteira naquele dia, fica por conta disso. Os outros vão para as demais tarefas”, explica Enéias.
Além da leiteria, a família cultiva milho, soja e feijão, este último voltado principalmente para o consumo interno. A área plantada chega a 75 hectares, com grande parte arrendada, sendo o milho usado na alimentação dos animais e a soja comercializada.
Organização
Um dos pontos que chama atenção na história da família Câmara de Oliveira é a forma como eles se organizam para manter a propriedade funcionando, mesmo com tantos envolvidos. A gestão é feita pelos três irmãos, que tomam as decisões em conjunto tanto na lavoura quanto na leiteira. Já os filhos e o genro que trabalham no dia a dia recebem salário fixo, e os irmãos dividem uma quantia mensal entre si. O restante dos lucros é reinvestido na propriedade.
“No começo não tinha nada. A gente teve que buscar recursos do Pronaf, mas era difícil porque não tinha documento da terra. Só conseguimos porque na Emater tinha uma pessoa que abraçou nossa causa, correu com a gente, e aí conseguimos começar”, lembra Enéias.
Desafios e sucessão
A caminhada da família nunca foi fácil. “Por causa da falta de opção de estudo que partimos para esse lado já desde do começo, de ter uma atividade que nós mesmo dominassemos”.
A sucessão já começou. Os filhos e genros assumem funções importantes no cotidiano, e os netos começam a crescer em meio ao ritmo da propriedade. É uma nova geração que está sendo formada com os mesmos valores de união, dedicação e honestidade que fizeram a história da família ser o que é hoje.
*Redação/Daiara Souza