Virmond

Criador de ovinos de Virmond comenta sobre os desafios do setor

O produtor virmondense atua no ramo há mais de 15 anos; atividade tem alta relevância no município

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Há cerca de 18 anos, o produtor rural Nelson Luis de Vargas (56 anos), de Virmond, entrou no ramo da caprinocultura após deixar de lado o trabalho na suinocultura. Cerca de cinco anos depois ele passou a apostar na ovinocultura e segue no setor desde então. 

“Migrei para os ovinos que tem uma produção de carne maior, uma conversão alimentar maior e pelo comércio na região. Os caprinos sempre tem que levar para Curitiba, São Paulo ou Santa Catarina”, comentou em entrevista ao AgroRegional Guarapuava.

O produtor iniciou com a raça Santa Inês nas fêmeas e o reprodutor na Dorper. Atualmente conta com uma média de 150 a 160 matrizes, quase todas da raça Dorper. “Meu sistema é semi-intensivo, as fêmeas vão a pasto, recebem uma suplementação as que têm filhotes. Os filhotes ficam no creep o dia inteiro porque eles desenvolvem mais comendo ração no creep durante o dia e os filhotes ficam de 5 a 7 meses na propriedade até irem para o abate, numa média de 40/50 quilos cada um”, explica Nelson. 

Utilizando uma estrutura de reaproveitamento da suinocultura, o produtor virmondense adaptou os barracões da propriedade e trabalha sozinho no manejo dos animais. Os filhos moram em Guarapuava e a esposa é empresária no Município. “Eu trabalho com chão batido, com uma cama de serragem que eu acho que fica muito melhor. Como nossa região é bastante fria, então até no inverno, para proteção dos filhotes, o chão batido pra mim ele tem se tornado muito melhor que o ripado. Eu trabalho sozinho, a mão de obra é minha”, destaca.

DESAFIOS

Um dos principais desafios e que tem feito muitos ovinocultores largarem a atividade é o alto custo de produção aliado a outros problemas da atividade. “Está se tornando uma atividade inviável por causa do custo da ração, dos medicamentos, dos minerais, mas a gente vai tentando produzir a maioria dos alimentos na propriedade. Eu produzo a silagem, pré-secado, feno e o grão. Além da ovinocultura eu trabalho com um pouco de lavoura”, afirma Nelson.

Outra questão levantada pelo produtor são os atravessadores, que na visão dele, prejudicam a atividade na região. “ A gente vê isso acontecer muito. Nosso preço aqui no Paraná podia ser muito melhor, mas vemos muitos animais de fora. Isso tem dificultado nossa atividade na região. Vem muito barato do Rio Grande para confinamento aqui no Paraná e quem é criador igual nós, que têm as matrizes e trabalha com ciclo completo, está ficando mais difícil”, lamenta Vargas. 

Há anos Nelson faz parte de uma associação do setor e apesar dos dilemas da ovinocultura tem expectativa de que a atividade possa crescer a nível nacional e que os criadores tenham as mesmas perspectivas de produtores de outros setores. “A gente tem batalhado muito através da associação, do poder público, tanto municipal, quanto estadual, dos órgãos de pesquisa do Estado e é uma atividade que está se desenvolvendo. Eu acho que vai muitos anos ainda no Brasil  se tornar uma atividade comercial, tal qual é a suinocultura, a avicultura e os bovinos. Ela tem muito espaço para crescer, mas depende muito de cooperativas, de organização comercial. A Caprivir [Cooperativa de Criadores de Caprinos e Ovinos] está no caminho certo”, finaliza.

*Reportagem: Daiara Souza