Paraná

Produtor de Teixeira Soares adotou produção de orgânicos como principal atividade

Foto: Arquivo Pessoal

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Valdir da Cunha (35 anos) é um dos produtores orgânicos em Teixeira Soares. O agricultor é membro da organização de controle social do município, uma iniciativa da Associação de Orgânicos de Teixeira Soares para buscar a certificação das produções locais. Segundo a Lei 10.831/2003, a OCS é uma das três alternativas para a titulação das culturas.

A produção orgânica concede vários benefícios para o produtor, principalmente para os familiares. Atualmente, 8% da merenda escolar deve ser certificada, com planos de 100%, até 2030, no Paraná.

Porém, não foram apenas as vantagens econômicas que levaram Valmir a buscar os orgânicos. Também conhecido pelos amigos como “Maninho”, o produtor teve a inspiração na família. “A questão da certificação surgiu da minha mãe, das ideias dela, e a gente decidiu correr atrás de uma certificadora”, relembrou Valmir.

Ele já trabalhava na propriedade da família, ainda quando jovem. Na época, como se recorda, para conter as pragas, eles precisavam usar muitos defensivos. “Teve um momento, em que minha mãe acabou ficando intoxicada, e ela acabou doente por muito tempo”, contou Valmir.

Após esse problema de saúde, ele e a família viram a certificação como uma opção segura para o futuro. Sem precisar lidar com produtos pesados, o produtor imaginava que seria mais saudável para ele e para a esposa, Karina, que também ajuda no campo.

Para a felicidade do casal, a ideia era compartilhada por vários outros produtores do município. Logo, foi formada a Associação de Orgânicos de Teixeira Soares. Além da OCS, o grupo promovia campanhas e palestras educativas sobre a produção orgânica. Antes de entrar definitivamente, Valmir atendia a esses eventos na companhia da mãe. “Ela ia sempre a esses lugares, e, aos poucos, a gente foi colocando as ideias em prática”. Com o suporte da Organização e do Paraná Mais Orgânico, a família de Valmir pode colocar em prática a certificação. A maior dificuldade foi a falta de maquinário, seja para buscar adubos orgânicos ou levar a produção aos pontos de comércio.

Segundo o produtor, a ausência de um veículo foi um grande problema. Na propriedade, Valmir seguiu os exemplos
das produções da Lapa (PR), que visitou junto com outros membros da Organização. Em 2021, o casal finalmente conseguiu o certificado. Hoje, a propriedade de Valmir produz repolhos, mandiocas e batatas doces orgânicas. Também, o agricultor pensa em investir na berinjela, um produto com grande retorno financeiro e em falta no mercado local.

Alternativas

Na OCS há uma aliança entre agricultores ou cooperativas de uma mesma região, para regular as propriedades aos critérios estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Também importante, os produtos certificados podem ser vendidos diretamente ao consumidor, pelo próprio proprietário ou membro da família que participa da colheita.

Já os outros modelos disponíveis, a auditada e a participativa, são igualmente criteriosos, mas com diferentes processos avaliativos. Quando realizado por uma auditoria, a aprovação é encaminhada por uma entidade credenciada pelo MAPA. Por último, no modelo participativo, uma equipe monitora a propriedade de cada integrante, a fim de policiar possíveis violações aos parâmetros de qualidade.

Por exemplo, é importante que o produtor pare com uso de agrotóxicos ou outros produtos químicos na lavoura. Mas esse cuidado não deve se restringir apenas à área da propriedade onde será feito o plantio. Na hora da avaliação, o inspetor deve garantir que o produto não foi contaminado de forma cruzada. Então, a vigilância também é importante nas partes periféricas.

Essas etapas são numerosas. Por isso, é importante o incentivo estatal, para auxiliar o produtor na jornada rumo à certificação. É o caso do Paraná Mais Orgânico, entidade que emprega graduados e graduados de cursos agrônomos e ecológicos, para detectar problemas nas propriedades e corrigi-los antes da avaliação de um inspetor.

*Daniel Simon com supervisão