Dicas para evitar perdas na colheita da soja em períodos chuvosos

A chuva é um dos fatores que mais interferem na eficiência da colheita de soja. Quando as plantas de soja atingem o ponto ideal para a colheita em períodos chuvosos, a operação pode ser atrasada, e a qualidade dos grãos podem ser afetados.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os impactos causados quando precipitações acontecem entre o final do enchimento dos grãos e maturação das vagens, são variados. Em todos os casos, são gerados prejuízos econômicos.

Atraso na colheita por excesso de chuvas ou umidade

Quando a lavoura está muito úmida, seja pelo excesso de chuvas ou umidade, podem ocorrer uma série de problemas técnicos e operacionais no processo de colheita.

Os principais impactos que o sojicultor pode enfrentar ao tentar colher neste cenário climático, são o atraso do início da colheita, o embuchamento das máquinas, a patinagem de tratores, e a colheita de grãos úmidos ou contaminados.

Ainda segundo a Embrapa, quanto mais tempo a planta permanece em ponto de colheita no campo, maior é a probabilidade da ocorrência de abertura das vagens, seja por fatores genéticos da cultivar, ou por indução, causada por chuva de granizo, chuva torrencial, ou ventos fortes.

A pesquisa realizada pela Fundação ABC, em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), mostra que o atraso na colheita também pode afetar a produtividade da cultura.

Os resultados da pesquisa apontam que, no período entre R8.2 e a data da colheita, o número de dias com volume de chuvas igual ou superior a 3 mm influencia a umidade dos grãos de soja. Além disso, o estudo revela que o estádio fenológico R8.2 apresenta as maiores produtividades de soja, independentemente das condições da lavoura. Porém, após esse momento, o atraso da colheita gera perdas.

Impacto das chuvas na qualidade dos grãos de soja

Os grãos de soja podem ser afetados pelas chuvas antes mesmo da colheita começar. Entre os principais impactos diretos causados nos grãos, estão:

  • Abertura das vagens, facilitando a ocorrência de fungos.
  • Grãos ardidos.
  • Germinação dos grãos ainda dentro das vagens.
  • Grãos fermentados ou mofados.
  • Grãos avariados.
  • Ataques de pragas, como percevejos e besouros.

Considerando a Instrução Normativa Nº 11, de 15 de maio de 2007 e Instrução Normativa Nº 37 de 27 de julho de 2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que determinam os defeitos, regras e limites de enquadramento da soja que será comercializada, os danos causados pelas chuvas podem afetar o valor de marcado da produção.

Segundo publicação da Embrapa no VIII Congresso Brasileiro de SOJA, os principais defeitos categorizados por esta regulamentação, são:

  • Grãos queimados: grãos ou pedaços de grãos carbonizados.
  • Grãos ardidos: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam visivelmente fermentados em sua totalidade, e com coloração marrom escura acentuada.
  • Grãos mofados: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam com mofo ou bolor.
  • Grãos fermentados: grãos ou pedaços de grãos que, em razão do processo de fermentação, tenham sofrido alteração visível na cor do cotilédone.
  • Grãos germinados: grãos ou pedaços de grãos que apresentam a emissão da radícula.
  • Grãos imaturos: grãos de formato oblongo, que se apresentam intensamente verdes, e que podem se apresentar enrugados.
  • Grãos danificados: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam com manchas, deformações, perfurações ou danos causados por doenças ou insetos.
  • Grãos chochos: grãos com formato irregular, enrugados, atrofiados e sem massa interna.

Estratégias para mitigar perdas causadas pela chuva na colheita da soja

Controlar o clima é impossível, e prever com exatidão as precipitações no dia da colheita, ainda no início da safra, é muito difícil. Por esse motivo, é necessário adotar um conjunto de estratégias e o bom planejamento, para que na época da colheita, a operação aconteça de forma mais segura, protegendo a qualidade dos grãos, e o investimento do sojicultor.

Faça o escalonamento do plantio
O objetivo principal do escalonamento do plantio, é garantir que, no fim da safra, seja possível escalonar a colheita também.

Para planejar o plantio escalonado, é importante mapear todas as áreas destinadas ao plantio de soja, considerando características dos talhões para a escolha de cultivares, e a capacidade de plantio e colheita da fazenda, e dos maquinários.

Com esta informação, você saberá quando poderá plantar soja em cada talhão da lavoura de forma escalonada, e quais tipos de cultivar de soja escolher.

Escolha cultivares alinhadas ao planejamento do plantio
Nesta etapa, é importante escolher cultivares de diferentes grupos de maturação, posicionando cada uma delas nos talhões mapeados anteriormente.

Os grupos de maturação agrupam cultivares de acordo com o tempo que a planta leva para atingir a maturação fisiológica em determinadas regiões produtoras. De modo geral, o ciclo da cultura da soja pode durar de 90 a 120 dias, de acordo com o grupo de maturação.

Além disso, as cultivares selecionadas devem apresentar tolerância as principais doenças de final de ciclo (DFC), e à indução de abertura das vagens ao atingir a maturação fisiológica.

As características de tolerância às DFCs tornam o manejo de doenças mais efetivo, e reduzem os impactos de fungos em períodos de alta umidade.

Por outro lado, a tolerância à indução de abertura das vagens protege os grãos de soja mesmo após a maturação fisiológica. Os grãos produzidos por plantas com esta característica são menos afetados em épocas de muitas chuvas, ou no caso de atraso na colheita.

Faça um bom planejamento do manejo preventivo com fungicidas
Durante a safra, é importante realizar pulverizações com fungicidas para evitar que fungos colonizem as vagens em períodos de alta umidade no final do ciclo. Com este manejo, também evitamos que as vagens apodreçam em longos períodos de chuva.

Para elaborar este planejamento, é fundamental conhecer o histórico de ocorrência de doenças da lavoura, e de precipitações.

Faça o escalonamento da dessecação pré-colheita
Com a dessecação pré-colheita, é possível realizar a desfolha das plantas de soja, e otimizar a colheita da cultura. É importante que esta operação ocorra quando a lavoura estiver no estágio R7, momento em que as vagens das plantas de soja estão cheias, e os grãos estão prontos para serem colhidos.

Os principais benefícios da dessecação pré-colheita, são:

  • Manejo de plantas daninhas.
  • Grãos de soja sem impurezas.
  • Melhor planejamento da colheita.
  • Colheita otimizada e assertiva.


Para realizar o escalonamento da dessecação, é necessário correlacionar o grupo de maturação das cultivares semeadas, e a capacidade de colheita da equipe da fazenda. A dessecação deve começar pelos talhões que estão mais próximos da maturação fisiológica, em áreas que possam ser colhidas em tempo hábil. Por exemplo:

  • Se a equipe pode colher 10% da área total da lavoura por dia, realize a dessecação de 10% da área cultivada com o grupo de maturação mais precoce da lavoura.

Com esta estratégia, apenas as plantas que serão colhidas de imediato ficarão vulneráveis à umidade, e prontas para a operação. Além disso, em caso de chuvas, as áreas que não foram dessecadas estarão protegidas do apodrecimento ou abertura de vagens até a próxima oportunidade de realizar a colheita.

*Agro Bayer

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