Unidos em cooperativa, produtores familiares de Candói garantem venda da produção

A agricultura familiar de Candói vem se desenvolvendo e sendo uma peça fundamental na alimentação de alunos via merenda escolar. Um dos motivos do impulsionamento da produção é a organização em sistema de cooperativa. A Cafcan, Cooperativa Mista de Produção da Agricultura Familiar de Candói, surgiu através da união de associações de produtores rurais que trabalhavam com as mesmas linhas de projetos, buscando assistência técnica para os agricultores e mercado para a produção.

A produtora rural e presidente da Cafcan, Alessandra Barbosa Pereira Zimolog comenta que iniciou sua atuação cooperativista de forma mais intensa após o falecimento do pai em 2011. Na época ele presidia uma das associações. Hoje a cooperativa consegue atender programas institucionais a nível estadual e federal, como o PAA e o PNAE. “A gente passou a fornecer esses mercados. Então, a gente vende hoje para merenda do município, merenda do estado. A gente também faz uma troca de produtos entre as cooperativas da região. A produção excedente que a gente não consegue colocar nos projetos, vende para outras cooperativas ou outros mercados”, comenta.

Segundo ela, antes, quando trabalhavam em associação, havia limitação, tanto em comercialização, quanto na agilidade de formalização dos negócios. “Em 2013, 2014 começamos a debater sobre a importância da mudança para cooperativa, para o cooperativismo porque a gente ganharia outros mercados, teria mais acesso a recursos, tanto para industrializar alimentos, dar vazão, uma central de recebimento, logística e transporte. Teria como fazer algo mais profissional”, explica.

Entre 2020 e 2021 os produtores conseguiram se agregar a uma cooperativa que estava com o CNPJ aberto, mas inativo e que tinha atuação em várias regiões do estado. Agora, com a documentação regular, e em Candói, a cooperativa tem ajudado os agricultores no comércio da produção. “A cooperativa nasceu com 39 agricultores. Nós tínhamos em torno de 90 famílias de pequenos agricultores do sistema associativista e no sistema cooperativo subiu 39, no segundo semestre passou para 53, depois 59. Esse ano a gente está com 61 sócios”, conta.

Foto: Arquivo pessoal

CONQUISTAS

Conforme Alessandra, atualmente a cooperativa tem um escritório de representação, uma quitanda para comercialização e um chalé do produtor, local usado para carga e descarga, separação da produção e encaminhamento para as escolas e demais destinos. “A gente está caminhando para nossa agroindústria. Pra gente ganhar um pouco mais de evasão, poder armazenar um número maior, um volume maior de produção. Nós passaríamos de 3 mil quilos semanais para 6 mil quilos”, projeta a produtora.

A produção comercializada é de hortaliças, saladas, raízes, frutas, milho verde, panificados, doces e geleias. “Isso [panificados] a gente trabalha diretamente com a merenda. A gente entrega algumas receitas específicas para merenda do município por questão de legislação, sem açúcar, sem glúten. Tem as receitas padrão que a gente fornece conforme a legislação exige”, destaca.

Alessandra afirma ainda que a Cafcan está em um processo de transição de regularização de uma agroindústria para polpa de fruta, o que pode abrir novos mercados para os cooperados. “Até o momento a gente trabalha com frutas picadas. Nós ainda não temos a documentação de polpas e sucos, mas a gente está trabalhando”.

HISTÓRIA

Alessandra nasceu e cresceu no campo. Quando pequena, acompanhou o árduo trabalho dos pais na agricultura. A família mudou para a Ilha do Cavernoso após a construção da Hidroelétrica de Itaipu. “Eles foram realocados na Ilha do Cavernoso e desde então eles sofreram muito para se firmar porque eles tinham terras na Itaipu, eles já produziam, eles já eram agricultores, já eram agricultores familiares, então eles tinham tudo já produzido, então eles saíram de lá tocados pelas águas”, comentou sobre o início difícil de adaptação.

Foto: Arquivo pessoal

A produtora lembra que a família plantava comida por subsistência e o que sobrava era comercializado. “Então sempre foi assim, sempre garantindo o alimento, produzia-se para comer, para manter, porque eles passaram muita necessidade no início e as coisas foram melhorando com o passar do tempo. O poder público foi auxiliando, com muita reivindicação. Então, a Associação da Ilha sempre foi muito referência”.

De acordo com Alessandra, o sítio da família sempre foi muito produtivo e nele ela trabalhou até os 18 anos, quando mudou para cidade, retornando nos finais de semana para ajudar na produção. “Sempre tive plantio de banana, de frutas lá no sítio e comercializei junto com eles. Então, eu nunca perdi a minha referência com a Ilha do Cavernoso e com a produção”.

*Redação/Daiara Souza

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