Rebouças
Em Rebouças, propriedade é destaque na criação de ovinos
Os médicos veterinários e produtores Letícia e Antonio tem uma produção controlada que garante a rastreabilidade da carne
Usando o conhecimento adquirido na universidade e a experiência de trabalho, os produtores Letícia Farias Perussolo e Antonio Serafini Filho, têm desenvolvido um trabalho de referência na ovinocultura no Município de Rebouças.
Os moradores da localidade de Pantano Preto se formaram em Medicina Veterinária pela Unicentro em 2015 e logo depois Letícia foi trabalhar como técnica de campo no fomento de cordeiros na Cooperativa CooperAliança em Guarapuava. Mas, após engravidar do pequeno Francisco, decidiu mudar. “Ainda grávida vim morar com meu marido no sítio do meu pai. Investimos tudo que tínhamos, arrumamos os piquetes de pasto e a estrutura necessária para iniciar a criação de ovelhas já que era o que eu sabia e gostava de fazer, precisávamos diversificar pois a área é pequena, então trabalhamos com ovinos, morango, e agricultura, além de erva-mate”, disse Letícia em entrevista ao Agro Regional.
O rebanho do casal iniciou com 102 matrizes e dois reprodutores. “Matrizes em sua maioria texel puro, e algumas cruzadas texel com Ile de France”, aponta a produtora.
Na propriedade a família trabalha com cria, recria e terminação e este ano vão iniciar a produção de genética para comercialização de animais melhoradores de rebanho. De acordo com Letícia, tanto de reprodutores puros, quanto matrizes puras da raça Texel. As ovelhas ficam no pasto e os cordeiros desmamados confinados.
CONTROLE
Para manter o alto nível de qualidade da carne, o casal faz todo o processo de criação de forma controlada. A estação de monta, por exemplo, é feita uma vez por ano e após ela, são vários os cuidados com a ovelha e a cria.
“Os reprodutores ficam com as ovelhas durante 51 dias, o que equivale a 3 ciclos de ovulação da ovelha. Após o término da estação, esperamos 40 dias e fazemos o diagnóstico de gestação com ultrassonografia. A que estiver vazia, descartamos, com isso temos partos concentrados em apenas uma época, e por consequência temos a venda também na mesma época. Nosso rebanho precisa funcionar como um relógio para dar lucro então mensuramos muitos pontos durante o ano”, explica Letícia.
A produção é direcionada à mesma cooperativa na qual a produtora trabalhou. “Eles absorvem toda minha produção que esteja no padrão exigido por eles, cordeiros jovens com peso e acabamento de gordura ideais. Além disso, a cooperativa disponibiliza ao produtor o serviço e um técnico para auxiliar na organização do produção, lá temos compras coletivas de insumos como, sementes, ração, lona para silagem, etc”.
Para que a entrega seja no padrão de qualidade exigido, os ovinocultores trabalham a partir de um calendário, já com a data de entrega definida junto a cooperativa. Após o nascimento, o cordeiro recebe brinco para rastreamento da cooperativa. O animal recém nascido também é pesado para que possa ser monitorado em relação ao seu desenvolvimento.
“Isso vai me ajudar a saber mais pra frente o ganho diário desse animal. Eu faço a seleção dos animais baseada nos dados que eu coleto durante o ano inteiro”, destaca Letícia, reiterando que a matriz também tem um cuidado especial após o parto, já que na próxima estação de monta precisa estar bem.
Outro destaque da propriedade é a separação dos cordeiros a partir do peso. “Eu nunca misturo um cordeiro de 20 kg com um de 30kg. Eu faço a separação em baias para não ocorrer a competição desses animais no cocho. Um maior sempre vai comer mais que o menor”.
Com uma avaliação constante, as crias são pesadas a cada 15 dias até serem encaminhadas para o abate. Depois disso, o foco volta a ser a ovelha. “Sempre deixamos num pastinho legal para elas irem recuperando devagar, não num efeito sanfona que isso é bem prejudicial para o organismo da ovelha”, garante. Letícia comenta que o processo é contínuo e que há o acompanhamento dos reprodutores.
EXEMPLO
O modelo implantado por Letícia e Antonio tem despertado atenção de outros ovinocultores e de pessoas que têm interesse em trabalhar com este ramo da pecuária.
“Meu marido é formado em medicina veterinária e fez mestrado em ciências veterinárias também pela Unicentro, especializado em odontologia equina. Aqui na fazenda já demos aulas práticas e cursos para as pessoas que se interessaram em se aprofundar mais na criação de ovinos, foi bem legal”, disse.
Letícia destaca que a ovinocultura é interessante para quem tem pouca área e pretende diversificar a produção. “Claro, precisa ter uma área considerável para o pasto e um número legal de animais, mas ela ajuda muito na diversificação da atividade”.
*Redação/Daiara Souza