

Guarapuava
Com vinícola pioneira, Guarapuava inicia nova fase na produção de uva para vinhos finos
Em um fim de semana chuvoso, enquanto almoçavam durante uma visita a uma vinícola em São José dos Pinhais, Joelma e Alberto Horst tiveram uma ideia que ia mudar não só a vida deles, como também a de outras pessoas. “E se nós plantássemos uva? Foi assim que nós começamos”, narra Alberto.
Inspirados pela paisagem do vinhedo a distância, com um terreno que lembrava a sua propriedade, o casal não perdeu tempo. Após vender todo o gado de uma vez só, começaram a se especializar na área: enquanto ele ingressou em um curso de Sommelier, ela investiu em matérias de pós-graduação em Vitivinicultura.
O cultivo começou em 2020 com 10.000 mudas e a primeira colheita ocorreu em 2023, resultando em cerca de 4 mil garrafas de vinho. Já em 2024 a produção aumentou, gerando 10.800 garrafas. “Em 2025 colhemos 16 toneladas, que vão dar aproximadamente 14 mil garrafas”, explica Alberto. O cultivo contempla diversas variedades da fruta como Chardonnay, Pinot Noir, Cabernet Franc, Malbec, Syrah, Merlot e Sangiovese.
Apesar dos esforços terem rendido frutos, houveram dificuldades ao longo do caminho, principalmente com a pandemia que assolou o mundo em 2020. “Nós tivemos que segurar porque não tinha gente, não tinha material, não tinha nada”, conta Alberto.
Com isso, a família Horst se tornou referência para a vitivinicultura regional. O proprietário da Vinícola Araucária, que inspirou o casal em São José dos Pinhais, visitou a plantação e, impressionado com os resultados, os convidou para uma parceria. Assim, as uvas guarapuavanas ganharam um espaço na renomada vinícola, onde são processadas e transformadas em vinho. Mas o objetivo é ter em breve uma estrutura para vinificar também em Guarapuava.
“O nosso projeto é uma vinícola para vinificar 100 mil garrafas por ano. Mas nessa propriedade nós conseguimos produzir aqui em torno de e 45 a 50 toneladas e para produzir 100 mil garrafas precisamos de 130 toneladas. O pessoal começou a se interessar e hoje nós somos 12 produtores”. O crescimento do grupo motivou o surgimento de uma associação.
Além de produtores de Guarapuava, a entidade também conta com associados de Reserva do Iguaçu, Witmarsum e Pitanga. A estruturação do grupo pode impulsionar Guarapuava a se tornar um modelo na produção de uva para vinhos finos. O município, que já detém a liderança em vários segmentos do agro, deve, em breve, ganhar mais um destaque com o aumento no número de produtores e consequentemente da produção de uva para este tipo de vinho. Outro fator animador para o segmento é a perspectiva de incentivos públicos para o aumento da cadeia produtiva.
Um dos principais objetivos da associação é a criação de uma rota do vinho. Os turistas, além de terem a oportunidade de visitar os vinhedos, terão a experiência de conhecerem parte da cultura e gastronomia local, com passeios ao longo de diferentes propriedades. “Cada produtor tem uma particularidade, então um complementa o outro”, explica Joelma Horst. A atividade deve fomentar a economia local e o enoturismo, destacando a natureza, paisagens rurais e a qualidade da uva para vinhos finos produzida em solo guarapuavano.
Com uma força de vontade inabalável, Alberto e Joelma Horst, junto aos outros associados, enriquecem a produção regional e enxergam o futuro com otimismo. “Eu tenho certeza absoluta que se Deus continuar abençoando, daqui 5 anos, Guarapuava será a maior produtora de uva para vinhos finos do Paraná”, projeta Alberto.
*Redação