Paraná
Soja orgânica aumenta rendimento de produtores no Paraná
Os agricultores têm recebido assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR)
O Paraná está colhendo mais uma safra de soja e a produção do Estado nesta safra é estimada em 19,2 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Economia Rural. Grande parte deste volume é de grãos colhidos em plantios convencionais ou produzidos a partir de sementes transgênicas. No entanto, uma pequena parte de agricultores aposta no plantio orgânico para aumentar a sua remuneração – o ganho pode ser de 30%.
A soja orgânica é destinada à alimentação humana, bem como à fabricação de ração para animais criados no sistema orgânico. No município de Jardim Alegre, no Vale do Ivaí, quatro agricultores do Assentamento 8 de Abril estão produzindo soja sem usar agrotóxico.
O extensionista Luiz Carlos de Castro, do IDR-Paraná de Faxinal, acompanha os plantios. Ele informou que a produção orgânica envolve a adoção de diversas práticas. “Os produtores do assentamento usaram sementes da variedade BRS 539, da Embrapa. É uma variedade convencional que tem a tecnologia block, que aumenta a tolerância ao ataque de percevejos, e a Shield, que confere resistência às plantas contra a ferrugem asiática”, afirma. Além disso, os cultivos foram adubados com a cama de frango peletizada e o yoorin, um fertilizante fosfatado.
Em Jardim Alegre as primeiras áreas foram plantadas em outubro e sofreram um pouco com a estiagem de dezembro. Essas lavouras começaram a ser colhidas e a produtividade alcançada tem sido de 50 sacas/ha, muito próximo da média regional que é de 60 sacas/ha. Já as lavouras plantadas em novembro, cuja colheita deve ocorrer até o fim deste mês, devem alcançar a produtividade média da região.
Toda a produção de soja orgânica dos produtores de Jardim Alegre, cerca de 500 sacas, já foi negociada com uma empresa de São Paulo que produz ovos orgânicos. Neste ano, em função das chuvas, os agricultores usaram herbicidas antes do plantio. Em razão disso, a soja não recebeu certificação de produto orgânico.
Ainda assim, os agricultores vão receber como remuneração um preço 10% superior ao praticado na praça de Avaré-SP. A empresa também se comprometeu a cobrir os custos com o frete. Se todo o processo fosse orgânico, o preço seria 30% maior que o valor da soja convencional.
Castro informou que os agricultores devem buscar a certificação de produto orgânico para a soja produzida no assentamento no próximo plantio. “A perspectiva é de que a soja seja totalmente orgânica já que os agricultores têm um projeto de produzir ovos orgânicos. Eles vão precisar de soja e milho para alimentar as aves”, destacou o extensionista.
Castro informou ainda que os produtores da vizinhança estão acompanhando o desempenho da soja orgânica no mercado. “É bem possível que a área aumente. Primeiro porque tem muito agricultor querendo plantar orgânico, e segundo porque o melhor preço da produção sem agrotóxico também é um incentivo”, disse.
No site do Ministério da Agricultura e da Agropecuária é possível identificar o registro de 20 produtores certificados de soja orgânica no Paraná, além de quatro empresas que fazem o processamento de produtos de soja orgânica.
Informações de duas das mais tradicionais empresas deste segmento dão uma ideia do mercado para a soja orgânica. A Gebana adquire a produção de 16 produtores certificados que são acompanhados pela empresa. Eles cultivam uma área de 1.052 hectares no Estado e a produção estimada é de 3.780 toneladas nesta safra. A Biorgânica tem cadastrados dez produtores que mantêm uma área de 129 hectares. Segundo a empresa, a produção deve ficar em torno de 464 toneladas de soja livre de agrotóxico e semente transgênica.
*AEN-PR com edição