

Paraná
Tarifaço dos EUA coloca em risco US$ 1,5 bilhão em exportações do agro do Paraná
A pouco dias do início da aplicação de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre todos os produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto, as agroindústrias e o setor rural paranaense esperam um terremoto nas operações. Isso porque diversos setores do agronegócio estão na lista de produtos da pauta de exportação paranaense para o país norte-americano.
Os produtos florestais, no qual o Paraná se destaca no cenário nacional, café, piscicultura, carne bovina e laranja deverão ser os mais impactados.
Em 2024, os Estados Unidos foram o segundo principal parceiro comercial do Paraná, importando o equivalente a US$ 1,58 bilhão em produtos da agropecuária. No primeiro bimestre deste ano, o país norte-americano ficou como o terceiro principal destino das exportações paranaenses, totalizando US$ 214 milhões. Ou seja, o mercado comandando pelo presidente Trump não é apenas ocasional, mas um pilar fundamental na estratégia comercial do Estado.
Produtos florestais
Com forte dependência do mercado norte-americano, o setor florestal do Paraná será o mais impactado pela tarifa imposta pelos Estados Unidos. O Estado já sente os efeitos da medida, com contratos cancelados, embarques suspensos, contêineres retidos em portos, férias coletivas forçadas e demissões em indústrias do ramo. Além disso, empresas reduziram suas operações para rever estratégias, com risco iminente de fechamento de unidades.
Café
Os norte-americanos são os maiores consumidores de café do mundo e, hoje, dependem do grão brasileiro para atender à alta demanda pela bebida. O Brasil é o principal fornecedor ao país, responsável por 34% do volume importado pelos Estados Unidos. A eventual ausência do produto brasileiro comprometeria a viabilidade da cadeia norte-americana, pressionando ainda mais os preços ao consumidor.
Embora represente uma fatia pequena nas exportações totais de café, o Paraná vinha ganhando espaço com o café solúvel, produto de maior valor agregado que tem nos Estados Unidos seu principal mercado.
Piscicultura
A piscicultura, em especial a produção de tilápia, segmento no qual o Paraná se destaca nos cenários nacional e internacional, será uma das atividades mais afetadas pelo tarifaço. Isso porque o principal destino do pescado paranaense é os EUA.
Em 2024, os Estados Unidos foram o destino de 89% das exportações brasileiras da piscicultura, totalizando US$ 52,3 milhões. No Paraná, entre 2023 e 2024, as exportações cresceram 94% em valor e 68% em volume. O Estado foi o maior exportador brasileiro de tilápia em 2024, obtendo receita de US$ 35,7 milhões, representando uma fatia de 64% do total nacional.
Suco de laranja
Apesar de a União Europeia liderar as importações de suco de laranja brasileiro (51,4%), os Estados Unidos aparecem em segundo lugar nessa lista. Os norte-americanos são o destino de 41,7% do volume exportado nos últimos 12 meses pelo Brasil, conforme dados da CitrusBR. Diante desse cenário, o tarifaço representa uma ameaça direta à estrutura de fornecimento global, com reflexos no Paraná.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações paranaenses de suco de laranja aumentaram 345% no primeiro semestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$ 4,76 milhões.
Carne bovina
No caso da carne bovina, a expectativa é que a decisão norte-americana não traga impactos diretos. No Paraná existe apenas uma planta, localizada na região Noroeste, que exporta para esse destino.
*Sistema FAEP