A frente fria que atravessou vários estados brasileiros entre domingo e segunda-feira (21 e 22) causou rajadas de vento históricas. Após análise das imagens registradas pela prefeitura e pela Polícia Militar do Paraná (PMPR) no município de Santa Maria do Oeste, região Central do Paraná, a equipe do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) concluiu que a causa da destruição em alguns pontos da cidade foi a passagem de um tornado categoria F1.
Para a confirmar um tornado, o meteorologista precisa seguir alguns critérios. Uma das etapas é a análise de imagens do radar meteorológico, onde é possível aferir a intensidade e o deslocamento do fenômeno, podendo confirmar ou não se de fato aconteceu. A segunda etapa é a análise de imagens aéreas, principalmente realizadas através de drones, que permitem ter uma noção ampla da região afetada pelos ventos intensos.
“Através dessas imagens é possível perceber padrões na direção dos ventos com relação aos estragos provocados. Por exemplo, na situação de um tornado se percebe movimentos convergentes ao longo do seu deslocamento, numa região que é relativamente estreita, a depender da intensidade do fenômeno, como árvores que são tombadas ao longo de um deslocamento numa trajetória para um ponto em comum, ou destelhamentos na mesma direção”, explica Leonardo Furlan, meteorologista do Simepar.
Foi com este trabalho que os meteorologistas do Simepar classificaram a ocorrência em Santa Maria do Oeste, por volta das 2h de segunda-feira, como um tornado categoria F1. Uma nuvem funil tocou o solo em alguns momentos ao longo de sua trajetória, durante a passagem de uma intensa linha de instabilidades. A classificação do tornado dentro da escala Fujita indica rajadas de vento entre 117 e 180 km/h, mas acredita-se que na cidade as rajadas foram as menores desta escala: de no máximo 120 km/h.
“Também durante a tempestade, justamente porque era uma intensa linha de instabilidades que avançava pelo Oeste, Noroeste e Centro do Paraná, os ventos predominaram de forma linear, ou seja, numa única direção. Eles provocaram estragos de forma generalizada na cidade, mas com alguns pontos desde o oeste do município até a região central da cidade. Foi possível perceber uma trajetória descontínua com estragos mais intensos, o que confirma a ocorrência do fenômeno tornado na cidade”, detalha Furlan.
*AEN-PR