Como as condições climáticas podem afetar os principais cultivos do país?

As condições climáticas têm sido o principal assunto entre técnicos e agricultores nos últimos meses. O tema ganhou destaque por conta do fenômeno climático El Niño, que ocorre a partir da interação entre a atmosfera e o oceano no Pacífico Equatorial, e influencia diretamente as precipitações e a temperatura em diversos países, inclusive no Brasil.

As interferências do El Niño nas condições climáticas do país começaram em março de 2023, e podem continuar influenciando as chuvas e a temperatura até o fim deste semestre. De acordo com informações divulgadas em 29 de janeiro pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, há 73% de probabilidade do El Niño perdurar até abril ou junho de 2024.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o El Niño causou o replantio de diversas áreas, atrapalhou operações e atrasou o plantio e a colheita da soja e do milho em diversos Estados. Na cultura da soja, os impactos nas áreas mais afetadas pelas condições climáticas adversas foram a erosão do solo, carreamento de nutrientes, alagamento de baixadas, perda de estande de plantas, abortamento de flores e vagens, e a antecipação do ciclo da cultura.

A soja consegue sobreviver mesmo com menores quantidades de água. Mas em situações de déficit hídrico, a planta pode abortar flores e vagens para conseguir se nutrir e continuar seu ciclo. Após um longo período de estiagem, o tamanho dos grãos pode ser menor ao fim da safra. Mesmo em estágios avançados de desenvolvimento, ao enfrentar a seca, a planta pode abortar estruturas reprodutivas preservadas até o momento do déficit hídrico.

Após a fase de enchimento de grãos, a demanda hídrica da cultura diminui, e a demanda de fotossíntese aumenta. De modo geral, o excesso de chuvas entre o enchimento dos grãos e a maturação das vagens pode causar a germinação dos grãos ainda dentro das vagens, a abertura das vagens, atraso na colheita, embuchamento de máquinas e uma série de problemas operacionais.

Milho
O déficit hídrico pode causar perdas em todas as fases da cultura do milho. No período vegetativo, o estresse hídrico pode reduzir a taxa fotossintética das plantas, o que afetará a produção de grãos nos estágios seguintes. Na fase do florescimento, a falta de água causa a dessecação dos estilos-estigmas, aborto das espiguetas, e morte dos grãos de pólen. No enchimento de grãos, a deficiência fotossintética reduz a produção de fotoassimilados e sua translocação para os grãos.

Quando ocorrem dias seguidos de chuvas, a planta também enfrenta dificuldades para acessar a radiação solar, sem a qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de expressar o seu máximo potencial produtivo. A chuva em excesso também favorece a ocorrência de doenças do milho.

A redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por períodos longos, atrasa a maturação dos grãos e pode ocasionar queda na produção. Quando ocorre chuva em excesso na época de colheita do milho, a operação pode ser afetada e a qualidade dos grãos também. Não é recomendável armazenar os grãos de milho com muita umidade, o que exige que o agricultor aguarde o encerramento das chuvas para que as espigas sequem, e a colheita possa ocorrer com tranquilidade.

*Assessoria com edição

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